- O MELHOR ROCK DE SEMPRE - NA RÁDIO CAPITAL AOS DOMINGOS - DAS 20H00 ÀS 22H00 -


quinta-feira, 20 de março de 2008

O DESPEDIMENTO



É sempre uma notícia desagradável. Adão e Eva tinham sido despedidos da fábrica de fraldas onde trabalhavam pela mesma ter encerrado por falta de encomendas . Durante um ano , tinham fabricado muitas , e não tinham vendido nenhumas . Foram chamados por um anjo da administração a dar-lhes conta que por enquanto as únicas fraldas que tinham sido vendidas tinham sido a uns bébés anjos que não ficaram nada convencidos por causa do material não ser de marca registada , mas sim , uma barata falsificação . A discussão entre o anjo da administração e o casal , tornou-se acalorada , tendo o administrador de asas resolvido dar umas bordoadas bem fortes na Eva , fracturando-lhe uma das costelas flutuantes , situação que levou Adão num verdadeiro gesto de amor À Paraíso , emprestar-lhe em sistema de leasing uma das suas .
Com o gabinete cheio de penas de anjo por tudo o que era sítio , Adão e Eva , dirigiram-se ao Sindicato dos Trabalhadores de Fraldas do Jardim do Éden , para que lhes fosse feita justiça , reclamavam que tinham sido despedidos sem justa causa , pois até tinham tido o cuidado , de colocar fraldas nos frutos das árvores acabados de nascer .
Da reunião com o Sindicato ficou acordado , só o Adão , pois a Eva ressonava que nem uma cascata de água e o representante sindical estava afónico , resultando então que a partir daquele momento iam plantar macieiras , mas , com a condição de não paparem nenhuma .
Caminhando pelo jardim do paraíso , Eva , começou a lamentar-se que estava cheia de fome , mas , Adão , convenceu-a que manter o peso ideal era benéfico para a saúde , aconselhando-a a que cantasse , cantasse , até que as suas cordas vocais soassem mais a uma serra eléctrica , e num repente era só ver anjos a protestar que não conseguiam dormir com aquela música que se chamava .....

A CAÇADA

Dois caçadores , membros fundadores da Associação da Caça À Minhoca , resolveram em assembleia geral da dita , promover uma grande caçada , no Dia Mundial da Minhoca Deslizante , para assim realizarem um grande almoço de confraternização com entrega de prémios , aos três primeiros classificados da empolgante caçada.
Apesar de alguns percalços, durante a jornada , entre os quais o de um caçador , que bastante concentrado nos sons do bosque, disparava a tudo o que ouvia , e, pé ante pé, pelo bosque adentro , ia atirando granadas a tudo o que ouvia , constou-se então que ao primeiro som de uma minhoca , lançou uma granada defensiva que matou tudo à volta menos a minhoca, a seguir , quando uma pinha caíu no chão , usou do seu canhão pesado de artilharia e destruiu por completo uma das pontes que circundava o bosque , finalmente , lá mais ao longe , ouviu o que lhe parecia um apito , e, indo já preparado com um tanque de guerra de bolso , no momento em que o apito se tornou mais forte, lançou-se destemido para a frente , só que teve azar , foi parar à linha do comboio , e nem identificando-se com o seu cartão de membro da Associação da Caça À Minhoca , o comboio parou , algo que levou a que na sua sepultura alguém tivesse colocado a inscrição "Morreu como uma Minhoca".
Ao fim de uma semana de caçada, quando das 323 árvores do bosque, já só restavam umas 4 ou cinco , ouviu-se o trombone eléctrico , sinal de que a caçada tinha chegado ao fim .
Como eram 80 , os caçadores participantes , foi um trabalho deveras árduo , medir as 22 minhocas caçadas durante a tal semana , em virtude de a diferença de tamanho entre elas ser mínima , levando a tumultos ruidosos entre a assistência , com barricadas e fogo cerrado com todas as armas disponíveis de parte a parte, havendo já jornais que relatavam um possível início de uma guerra civil , intitulando-a da "Guerra da Minhoca".

Para pôr cobro a tal situação , o Presidente , pediu conversações para restabelecer a paz , que foi assinada com um selo em ouro em forma de minhoca.
Por fim , todos em coro cantaram .......

O ELEFANTROCK



Pavoneava-se na savana como uma autêntica figura do jet-elefantino , usando uns óculos escuros, mp 3 nas orelhas e um brinco na tromba, que lhe dava um ar de um verdadeiro elefantrocker, ainda por cima quando vestia o seu velho blusão de cabedal negro com a inscrição "Não me dêem moedas para tocar sinos".
Tendo trabalhado na casa dos Flinstones, como baby-sitter, acabou por ser despedido, em virtude de pôr a música num volume tão alto , que não havia dia nenhum , que a Sra. Flinstone , não tivesse de chamar o vidraceiro para colocar vidros novos em toda a casa.
Até que, no timing exacto para o ElefantRock, um dia vieram dar um concerto à cidade onde morava, os super-célebres Pedregulhos Enrolados , e , a sua existência mudou para sempre.
O único ponto negativo nesse seu primeiro concerto ao ar livre , pois na selva não existem pavilhões cobertos , foi as suas impulsividades com a tromba , que levaram a alguns mal-entendidos , principalmente entre as elefantas , que tiveram por diversas vezes chamarem a segurança , pois , além das suas permanentes elefantadas ficarem em fanicos , a tromba do ElefantRock , estragava-lhes igualmente a maquilhagem tão cuidadosamente eleborada, maquilhagem essa que demorava pelo menos , uma semana a fazer , pois tinham de deixar sempre que as poças de água secassem para daí aproveitarem aquela lama peçonhenta para se untarem .
A meio do concerto dos Pedregulhos Enrolados, teve uma visão . Uma voz incessante no seu cérebro dizia-lhe que ele seria o novo Jim Calhauson, bastava vestir-se como um rocker, e , esquecer a candidatura como funcionário administrativo para o Jardim Zoológico . Teria de começar a sua ascensão , como apresentador de rádio , sendo a única coisa que tinha de fazer , comprar uma cadeira azul do tamanho de um pára-quedas e uns auscultadores do tamanho de uma antena parabólica.
Tudo isso já fazia parte do passado , agora o Elefantrock , apresentava para a sua manada , um prorgrama totalmente virado para os grandes temas do rock selvático, ou seja , o rock das melhores manadas da selva.
No seu programa , sempre com convidados junto das poças onde todos se reuniam, havia sempre um que tinha o privililégio de pedir uma música, e , nessa noite o pedido foi ......

O PIRILAMPO



Tinha nascido como um iluminado. Já em criança, sentia um fascínio por tudo o que tivesse luz. Na escola usava uma bata cheia de filamentos de lâmpadas , e, ao chegar à idade adulta , mudou o seu nome próprio para Pirilampo .
Este obcecado por lâmpadas, candeeiros , abajours e candelabros, tinha uma única oração : "A vós candeeiros bem modernos bonitos e originais nunca se esqueçam dos seus irmãos que iluminais .".
A sua casa em forma de lâmpada de poste de iluminação pública, tinha logo à entrada um candeeiro que lhe dizia sempre "OLÁ" ou "ATÉ LOGO" rodopiando duas vezes e ajoelhando-se aos seus pés . A cozinha , que não era mais que uma lâmpada espalmada , tinha entre outras coisa um candelabro onde ele assava sardinhas luminosas assadas e bifes de 25 volts com batatas de 10 amperes.
O seu quarto em que os cortinados eram não mais que dois candeeiros de correr , tinha uma cama ligada à tomada, que acendia dezenas de lampadinhas quando ele se deitava , e, dezenas de candeeirozinhos que saltitavam quando ele adormecia.
A casa de banho, essa era algo único. Pirilampo, lavava as mãos com luz florescente, e, tomava banho com raios ultra-violetas . Da sanita saía um abajour com florzinhas sempre que ele tinha de fazer as suas necessidades, não havendo papel higiénico, mas sim umas lampadinhas de cor branca.
Por último ´vamos descrever a sua sala de estar. Um candeeiro enorme a servir de sofá com um candelabro como encosto , uns tapetes de lâmpadas persas em forma de amendoins e também uma aparelhagem em que as colunas eram abajours redondinhos e onde o Pirilampo ouvia a sua música toda cheia de luz.
Naquela noite , depois de um dia estafante a contar todas as lâmpadas iluminadas da zona onde vivia , começou a ouvir a tal música de que gostava tanto e que se chamava .....

O PAPAGAIO



O Sr. Bezerro tinha um talho e também um papagaio. Uma manhã , o papagaio estava mais sarcástico do que era costume e quando os clientes entravam no talho e perguntavam como é que estamos de carne Sr . Bezerro ? , o papagaio respondia de rajada , " A que temos está estragada " . Ao fim de 3 ou 4 vezes , o Sr . Bezerro passou-se das costeletas e gritou ao papagaio : " Abres o bico mais uma vez a dizer que a carne está estragada e vais parar à arca frigorífica todo depenado ."
Entrou um novo cliente e o papagaio não se conteve : "A que temos está estragada ".
A fúria do Sr. Bezerro foi imediata , mas , no momento em que começava a depenar o papagaio, aparece um padre à porta , que lhe diz : "Todos somos filhos de Deus , se não quer a avezinha , eu levo-a comigo ."
O Papagaio aliviado pela salvação do Padre , foi levado então para a igreja .
Ao fim de 4 meses , o Padre recebe uma conta exorbitante de chamadas telefónicas. Manda chamar o seu ajudante na Igreja e pergunta-lhe se tinha sido ele , a fazer aqueles telefonemas todos . " Eu ? Sr. Padre , nem pensar , foi esse gozão do papagaio de certeza . Como castigo , o Padre amarrou-o com um cruxifixo junto da imagem de um santo , e , o papagaio passava o dia , na mesma cantilena : "Diz lá , há quanto tempo é que estás aí ?" , ao fim de muitas vezes o santo acabou por finalmente , dar-lhe uma resposta : " Estou aqui vai para 200 anos ." "Eu não disse , só podes ter sido tudo a fazer aqueles telefonemas todos , eu estou cá há meia dúzia de meses , e , passo os dias a ouvir grandes malhas na rádio ."
Passados uns dias é celebrado um casamento todo cheio de pompa e circunstância na Igreja , metendo até um organista , que ao fim de algum tempo , já estava a ficar zonzo , com as bocas do papagaio " A tocares dessa maneira , não tarda nada , foge o noivo , e , foge a noiva . "
Para o calar de uma vez por todas , o organista disse-lhe " Pede uma grande malha de que gostes , eu toco , e , tu calas-te ."
"Ficamos assim , então toca lá esta ......"

O VENTRÍLOQUO



Como sempre , naquele comboio , os passageiros eram mais que muitos , e , só o nome da ligação ferroviária, O Expresso do Alguidar , era por si só uma garantia , de uma viagem cheia de emoção , e com passageiros que eram gente famosa em todo o Mundo.
Na cabine do casal Petro Léo e Pitrolina Oleada, famosos magnatas dos negócios petrolíferos, veio juntar-se-lhes , um passageiro que por engano , tinha tomado o comboio errado , e , ainda por cima não tinha bilhete . A única coisa que este passageiro tinha era o dom da ventriloquia , que a sabia usar e bem em momentos delicados como era aquele .
- Boa tarde .
- O senhor é ......
- Só me saiem é duques ....
- Quem é que disse isso ? foste tu meu marido ?
- Eu ? nem abri a boca .....
- Estou farto desta osga ..... minha nossa
- Estás a chamar-me osga , meu marido ?
- Mas , então não vês que estou calado .....
- Desculpem lá , não há necessidade de discutirem , por causa de uma simples osga como a senhora ....
- Aqui não há osgas cavalheiro , a minha esposa é uma aristrocata !
- A única pessoa aqui com cabeça miniatura é o meu marido ....
- Oh Pitrolina , nunca pensei que me dissesses uma coisa dessas, chamar -me miniatura .
- Vá lá , vá lá , atenção vem aí o revisor .....
- Os bilhetes por favor
- Cai-te daqui para fora , bilhetes só para o futebol .....
- Quem é que disse isso ?
- Eu não fui . Deve ter sido um desses dois , que são das bombas de gasolina .
- Das bombas de gasolina , francamente , eu sou uma aristrocrata

- Comprou o título nos brindes das garrafas de óleo
- Acabou a festa , ou os bilhetes , ou acabam no vagão restaurante a lavar pratos .
Neste compasso de espera começa-se a ouvir uma música de fundo , que leva o revisor a perguntar que não eram permitidas telefonias a bordo.
O ventríloquo começou a cantar cada vez mais alto , e o marido da Pitrolina perguntou logo:
- Mas eu conheço esta música , não são os .....



A LIGAÇÃO TELEFÓNICA



- A sua chamada está a ser transferida. Pode ir de fim de semana enquanto estabelecemos a ligação.


Dois dias depois .... !

- Allô , ainda aí está ? . A sua ligação está quase pronta. Vai trabalhar, ou prefere tirar uns dias de folga, enquanto tentamos de novo?
- Já agora , espero , pois este braço só vai voltar à posição normal, lá para o Natal .
- Comcerteza . Temos o prazer de estar a falar com o Sr ..... ?
- Regu Lamento da Silva Artigos .
- Sr. Regu Lamento , a nossa linha de espanta clientes , tem vários pontos que não podem ser transgredidos.
- São assim muitos ?
- À volta de uns 400 .
- Eu gostava de saber ....
- Mau mau , não pode usar essa expressão na Empresa "Esperar é uma Virtude ".
- É que a minha noiva espera por esta chamada desde 1931, e, eu quero dizer-lhe.....
- Livre-se de lhe dizer algo, a não ser, o seu nome, data de nascimento, número que calça e se é míope ou estrábico.
- Só posso dizer isso ?
- Não chega e sobra ? Sr . Regu Lamento. Esta central telefónica a quem transgride os regulamentos , começa por castigar com banhos de mangueira a alta pressão, com água a 10 graus negativos !
- Esse castigo dá muitos pontos de promoção no vosso catálogo de brindes ?
- Meio - ponto por cada 10 minutos .
- Como é que devo chamar pela minha noiva ? Pelo nome ?
- Acha ? Só pode chamá-la com assobios , artigo 32 , do regulamento .
- Estou a ver. É que também lhe queria cantar uma música de que ela gosta muito .
- Sabe cantar ?
- Não .
- Então pode ! Qual é a música ?
- A música chama-se .......

UMA NOITE NA ÓPERA



Era noite de gala no Pavilhão Rascafioff . A ópera "Coça-me as Costas" , com as cabeças de cartaz Madame Empadosvka como soprano , e, Pastelino Natoso como tenor, iria ter a vê-la a fina flor da sociedade .
Ao mesmo tempo na fábrica de colchões "Percevojola" , um exército de pulgas tinham-se revoltado com os planos de limpeza da administração , e , decidido , abandonar a fábrica e rumar a outras paragens.
Em plenário de pulguice , foi então acordado , que o local escolhido seria por coincidência o Pavilhão Rascafioff , sendo a partida marcada precisamente para a noite da estreia da ópera em questão.
Todas as pulgas sabendo que a ópera era para os operários , acharam por bem ocupar tanto os lugares da plateia, como os camarotes onde estava O Jet -Set e um quarto , daquela cidade.
A orquestra deu então início à abertura de "Coça-me as Costas" , com um som estridente de pianos e xilofones em completo desatino , pois os músicos tocavam de costas e com as mãos ao contrário para as teclas pianinhas, para dar um maior realismo ao cenário concebido.
Só que, as pulgas decidiram também participar naquela noite de gala, começando a escolher as suas vítimas entre a soprano. o tenor , o barítono , o coro e o maestro.
O maestro foi atacado por umas meras 150 pulgas, ainda jovens, que como apanágio da juventude, vibravam com os ataques vocais da Madame Empadosvka, e , puseram o maestro a dançar como nos velhos tempos do rock and roll , rebolando-se no chão como um possesso e pegando nos arcos dos violinos para se coçar , o que provocava uma chinfreira entre os cantores que gritavam uns para os outros, e ao mesmo tempo, coçavam-se já as costas uns dos outros com adereços do cenário que ia ficando cada vez mais destruído, vendo-se já os ajudantes de palco nos bastidores a fazerem à pressa , mobílias e cortinados , que serviam agora para atenuar a cada vez maior comichão entre todos os presentes.
Chegados à ária principal de "Coça-me as Costas" o tenor Pastelino Natoso tinha de se aproximar nas costas de Madame Empadosvka e cantar "Meu amor , quem queres que te coçe as costas nas noites de trovoada?" e a soprano alterando a letra respondeu "Vi buscar uma tábua grande e pontiaguda e coça-me as costas até sangrarem, não aguento tanta comichão, por amor de Deus."
O maestro já quase totalmente despido, e com a sua batuta de condutor de orquestra já toda partida, deu ordem então à orquestra para tocarem algo mesmo muito forte para afuguentar o ataque terrível de tantas pulgas e ouviu-se na sala .......