- O MELHOR ROCK DE SEMPRE - NA RÁDIO CAPITAL AOS DOMINGOS - DAS 20H00 ÀS 22H00 -


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

OS MOSCARDOS E O COZIDO

A concentração daquele homem atingia os limites do impensável.
Já tinha estado no centro de um dos maiores furacões da história, e , nem assim, a sua atenção se desviou um milímetro que fosse do cozido à portuguesa , que comia 3 vezes por dia .
Chegou a ir ao Tibete, para um curso acelerado de meditação e levitação para monges tibetanos apreciadores de cozido à portuguesa, e, deslumbrou tudo e todos , ao fazer levitação , com chouriços e bocados de touçinho pendurados na boca , e, folhas de couve lombarda agarradas às orelhas. "Um FENÓMENO DO COZIDO" , foi o que escreveram no seu diploma de levitador, comprado numa loja de souvenirs .
Mas, por vezes, nem tudo corre bem , mesmo para um fundamentacozidista , como era aquele homem.
Por inveja, ou , por outra razão, o certo é que a "Associação dos Moscardos pelo Direito a Pousar em Cozidos à Portuguesa " , entendeu , que em democracia, todos tinham direito a comer cozido, sob meditação , de faca e garfo , ou com patas de moscardo.
Para isso decidiu convocar uma manifestação de moscardos , com a palavra de ordem, "Moscardos Unidos Pelos Cozidos". A adesão foi esmagadora, tendo até direito a transmissão em directo pela Rádio Moscartal.
O tal homem , que se rodeava de fortes medidas de segurança, nas 3 vezes que comia cozido por dia, tinha um único ponto fraco. De 15 em 15 minutos levantava-se do seu lugar para tirar fotografias ao prato de cozido, dos mais diversos ângulos.
Era a altura chave para os moscardos espetarem nos chouriços e nas morcelas as suas reinvidicações , entre as quais : o direito a pousar nos cozidos mesmo de madrugada; o pagamento de horas extraodinárias , sempre que o horário de poiso ultrapassasse as 8 horas de poiso ; e o direito à greve se o cozido não estivesse bem feito.
Quando o homem do cozido, regressou ao seu lugar, depois de mais uma sessão fotográfica com enchidos, batatas , carnes e legumes para a revista "Coma Cozido", a sua refeição estava repleta de cartazes, com as mais variadas exigências.
A sua reacção foi a de um homem das cavernas. Levantando uma farinheira e uma morcela como de armas se tratassem, ligou o seu sistema de som feito com restos de cozidos , e , no ar começou-se a ouvir ......

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

AS FLOCAS

Hora do banho. Quando chegava este momento , a alegria era contagiante entre toda a família de flocos, desde o avô ao netinho, todos iam buscar o seu "Sabo de Net" , sabonetes que recebiam por e-mail na floconet, com diversos perfumes desde o perfumado fibras naturais ao raspadelas de avestruz, com penas, que serviam para lavarem as costas uns dos outros. As flocas eram mais atrevidas na hora do banho, sempre de touca , para não estragarem o seus penteados , quando saíam das caixas , provocavam com brincadeiras , os seus amigos flocos , muitas vezes , fazendo-lhes perguntas de flocatura geral , como por exemplo : amiguinho floco , sabes onde fica o flocoesternomastoideu , é do lado da cabeça , ou dos pés ? e a confusão era geral. O avô floco, sempre com o seu jornal , e o cachimbo flocado junto de si , embebia-se de vez em quando no cházinho de urtigas , para espantar as melgasinhas que teimavam em voar ao seu redor , e que não o deixavam concentrar-se , nem na sua leitura , nem nas notícias que de minuto a minuto eram transmitidas pela rádio flocopital , onde frequentemente se ouvia , grandes explosões sempre que mais um botão se desfazia em estilhaços de tanto pontapé e cabeçada.
Hoje era o aniversário da avó Floca, que com as suas netinhas todas de tótós à sua volta, lhes cantava as músicas da sua mocidade, quando namorava com o avô Floco ainda na fábrica onde tinham sido empacotados.
O bolo de flocos com 111 velinhas de aço , para que ninguém escorregasse , estava pronto a ser dinamitado , com 112 cargas de dinamite, uma a mais , no caso de alguma coisa correr mal.
Todos em coro , cantaram o parabéns a flocos , e, no fim , a avó Floca , como manda a tradição , pediu um desejo.
O desejo que tenho para hoje, seria novamente ouvir aquela música , que me lembra os seis meses que estive dentro do pacote às escuras , que parece-me se chamava....

A MINA DO ROLO DO PAPEL HIGIÉNICO


Era uma pessoa muito ciosa e possessiva em relação à sua mina.

Na verdade não existia no Mundo, mina como aquela. Dela não se extraíam nem diamantes, nem ouro, nem prata , nem nada que tivesse a ver com ourivesarias. Era uma mina donde brotava papel higiénico brilhante.
Os visitantes que eram aos milhares, nunca tinham visto nada igual. As paredes da mina,revestidas com papel celofane, tinham orifícios enormes, onde, olhando através deles com óculos à prova de raios ultra - higiénicos, se viam nascer rolos e rolos com uma luz incandescente que envolviam em cachecóis , todo aquele que afirmasse nunca ter visto nada assim.
À entrada , uma escadaria de 555 degraus, conduzia os curiosos a um grande salão,chamado o "Salão do Rolinho", que em vez do seu tecto nascerem estalactites e do seu chão estalagmites, eram apenas rolinhos de papel higiénico ainda pequeninos, que produziam ruídos muito estranhos como se assobiassem ao vento as melodias do Frank Semnata.
Um dos meninos que ia com os pais , começou a berrar que tinha de ir à casa de banho, e a mamã , respondeu-lhe logo que não podia ser, aquilo era uma mina cheia de rolos de papel higiénico mas sem direito a casas de banho, pois aqueles rolos não eram amigos das casas de banho, eram rolos muito independentes e que não eram muito sociáveis.
Depois de verem rolos já adultos , o pessoal das excursões era levado a um grande
anfiteatro onde aquelas maravilhas da natureza cantavam temas que eram só grandes malhas da música roque das minas , e entre todos , havia sempre um sorteio, para escolherem a música que queriam escutar. O bafejado pelo rolo na cara, foi desta vez a Dona Lili Lélé, que pediu como não podia deixar de ser , a música que o seu amor lhe cantou no Dia de São Valentim, quando este Santo ainda nem sequer era nascido. E é claro que a música era a .........

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A BOUTIQUE "O MODERNO"

A boutique " O Moderno ", tinha todas as suas colecções sempre expostas em manequins com grandes corcundas, especialmente quando apresentava as últimas novidades corcundas - inverno .
Esta conhecida loja da moda, não estava era nada à espera, que , um belo dia , , lhe entrasse pela janela adentro, um cliente montado num belo cavalo pardo, cavalo esse , que não conhecia as regras da boa educação, no momento de satisfazer as suas necessidades fisiológicas, fazendo-as onde calhava, e , naquele belo dia, foi fazê-las mal entrou no gabinete de provas, deixando no ar um cheiro fortemente característico, que levava os outros clientes a pensarem que se trataria de um perfume avant-garde de Paris.
A empregada da loja , que com o odor, passava a ter tonalidades de verde pela cara, exclamou de imediato : "Que belo animal de quatro patas."
Depois de uns olhares cúmplices trocados entre a funcionária e o cavalo pardo, esta , com toda a coragem perguntou ao cliente : "Boa-tarde, diga-me uma coisa. O seu bonito cavalo pardo , é por acaso casado? "
O dono do cavalo, respondeu-lhe que nunca falava da vida particular do seu animal pardo, era um príncipio que seguia rigorosamente.
Sendo assim , a tal empregada , apelando a todo o seu profissionalismo, vendo o tamanho do animal, raciocinou ao fim de uma hora que mesmo os tamanhos XL acima do Xl, não lhe iriam servir , e fez a pergunta sacramental : "Em que posso ajudá-lo, caro senhor , dono de tão belo cavalo pardo ?"
"Procuro uma sela , adequada para as noites em que vou com o meu animal à discoteca, pois ele quando está a dançar, queixa-se que esta sela que usa agora, está totalmente fora de moda. Queria uma que dê de imediato nas vistas."
A funcionária que entretanto desenhara numa folha um coração com o seu nome e a palavra cavalo pardo com um coração atravessado pela seta de Cupido, disse logo : "Tenho exactamente aquilo que procura . Uma sela com um design ultra-moderno que servirá também para que o belo cavalo pardo, possa tomar duche com ela sempre que quiser."
"Venha ela ."
"Caro cliente, enquanto eu mando preparar a sela , deseja ouvir alguma música?"
"Pode ser aquela......"

O JULGAMENTO




(Tudo se passa numa sala de audiências)


- Como é que se declara? Culpado ou Inocente?
- Nem uma coisa nem outra, estou à margem disso.....
- Lembro-lhe que está num julgamento. Tem de responder às minhas perguntas!
- Ah é! então está bem. Vai moeda ao ar ...... que deu : olha, culpado.
- Pois bem. Sr. Culpado, voçê matou ou não matou o morto?
- Vindo por aí e virando à direita, é capaz de ter razão, mas, tudo não passou de um mal-entendido.
- Explique lá , o mal-desentendido.
- Foi assim. Eu estava sentado à mesa, no tal bar, e o morto, não parava de me perguntar, qual dos dois homens ao balcão é que era o disc-jockey.
- Como assim?
- Lol. Primeiro foi : qual dos dois é que é o homem?
- Eu respondi: O do chapéu. Ele tipo brutamontes disse logo: os dois têm chapéu.
- Novamente eu disse, o da camisa aos quadrados. Mais uma vez o homem com voz de camião voltou ao ataque: os dois têm camisa aos quadrados.
- Já estava por aqui , mas , mesmo assim respondi que era o homem que tinha um lenço ao pescoço. O cara de rinoceronte , não descosia e disse logo: os dois têm um lenço ao pescoço. Foi então que puxei da metralhadora e disparei uma rajada , para o bar.
Até aí já percebi. E a seguir?
- Quando ele me vinha perguntar novamente, respondi logo: É o que ficou de pé
- E o morto morreu?
- Não senhor! Ainda teve a discutir com a ambulância.
- Ahhhhhhh , o morto querem ver , o que ele queria era matar a ambulância.
- Acho que não. A ambulância ainda era novinha e até dançava quando se punha uma moeda o bailinho da Madeira em som estereofónico.
- Depois disto tudo , voçê ainda tinha vontade de ouvir música?
- Só daquela , com muito som à mistura.
- Para mim toda a música tem som , não é?
- Lol. Mas a daquele grupo , tem mais ainda.......

AMBRÓSIO



- Ambrósio, apetecia-me algo...
- Tomei a liberdade senhora....
- Não, não, não ...Ambrósio, outra vez aquela música não. Tem pena desta Condessa, a última vez que a puseste vomitei os dois quilos de bombons que tinha ingerido dez minutos antes.
- Deseja algo emparticular, Condessa?
- Ambrósio, não me chames Condessa,que me pôes tensa e eu tenho muito em que pensar...
- Perdoe-me senhora, é que nunca me disse que sabia pensar.
- Ambrósio, como é que se chama aquela rádio, que se ouve na telefonia? - Rádio Freguesia, senhora.
- Eles devem ter programas de rádio, não devem, Ambrósio?
- Sim senhora, tomo a liberdade de lhe sugerir o programa "Pensão Estrelinha".
- Boa, Ambrósio. Assim sempre posso tirar este peso de cima, é que estas botas da moda, pesam 5 quilos cada uma , fora os atacadores. É muito peso para a minha cabeça.
- Compreendo senhora.Tomei a liberdade de escolher The Mavericks e "Hey Good Looking".
- Bravo, Ambrósio!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

JAIMI BÓNUS



A bomba de tremoços podia desencadear a 3ª Guerra Mundial


Forças do Mal, tinham feito saber, que tal bomba poderia aniquilar , num abrir e fechar de olhos, para quem tivesse acabado de acordar, toda a humanidade excepto uma aldeia de irredutíveis gauleses que não gostavam de tremoços, pois faziam-lhes lembrar "Smarties" com icterícia.
Um homem acabava de receber nas suas mãos que não viam água desde que tinha sido baptizado, a ingrata missão de tentar descobrir onde estaria escondida a mortífera bomba de tremoços. O seu nome deixava toda a gente completamente indiferente : Jaimi Bónus , número de código 00 abaixo de zero.
Em 30 anos como agente , quase que resolveu um caso, quase, pois foi por pouco que não conseguiu descobrir a diferença entre pequeno-almoço e almoço.
Como medida desesperada os líderes mundiais não tinham outra solução a não ser Jaimi Bónus.
Entrando com um bombo e um chapéu de penas de ganso nas instalações dos serviços secretos, o pânico foi geral, Jaimi Bónus, vinha aí, gritava toda a gente, havendo quem , em pânico, se lançasse das janelas para o vazio e outros rebolassem pelas escadas desde o centésimo andar, só para não o encontrarem no elevador


A mesma sorte não teve a telefonista. Tentando a todo o custo, desaparafusar o seu teclado de telefonista para nele enfiar a cabeça, e , assim passar despercebida, por escassos segundos que não o conseguiu.


- Ah Ah Ah , fantástico Dona Marieta, não me reconhece, sou eu , Bónus , Jaimi Bónus.
- Peço-lhe por tudo que pare de bater no bombo com tanta força, até já caíram todos os quadros que estavam pendurados, e, a propósito, a que se deve um chapéu de 10 metros de diâmetro com centenas de penas de ganso.
- Oa agentes das forças do mal, se aqui estivessem , eram capazes de me vir pedir um autógrafo, e assim , com uma marretada com este martelo com que estou a bater no bombo, descobria de certeza, onde está escondida a bomba de tremoços.
- Sabe onde é que acho que esses malditos foram esconder a bomba?
- Calculo. Deve ter sido em cima de uma árvore de natal, para que os tremoços se confundissem com neve.
- Tenha dó de mim ....
- Bónus , Jaimi Bónus, agente secreto 00 abaixo de zero.....


- Pois eu digo-lhe onde está essa bomba. Está escondida debaixo do palco onde vão actuar amanhã os .......

A CASA ASSOMBRADA



- Olha que é verdade.... aquela casa está assombrada. Ainda ontem vi um fantasma de botas florescentes e de óculos de sol a treinar karaté.
- A ti em vez do cérebro que devias ter aí, devem ter-te colocado uma prótese em 2ª mão.
- Se não acreditas, o problema é teu. E digo-te mais, há naquela casa fantasmas reformados que se reúnem todas as tardes a jogar às cartas.
- Santa Maria, tu caíste do 6º andar de certeza, só que não deste por isso. Não tarda nada , estás a dizer-me que se sentam ao computador a fazer "chat" uns com os outros.
- Claro. E mais...., aquele fantasma das botas florescentes que eu vi, quando são cinco horas da manhã, vai sempre tomar chá no jardim acompanhado por um fantasma-médico, que dá consultas aos outros fantasmas quando eles estão doentes. Já são fantasmas com uma certa idade, não são adolescentes.
- Mas, afinal de contas, como é que tu sabes todos esses pormenores?
- Não digas a ninguém, mas a semana passada um fantasma-cantor que entrou no filme "O Fantasma da Ópera", bateu-me à porta, a pedir-me se lhe emprestava uma botija de água quente.


- Coitadinho, devia ter apanhado algum susto!
- Não foi não. Foi um deles que adormeceu no banco do jardim, e, ficou com a parte traseira gelada.
- Por acaso, nunca ouviste os fantasmazinhos, a arrastarem aquelas correntes de marca?
- Isso não. Mas na outra noite, estavam todos a dançar o "Let's Dance" do David Bowie..

O TÓTEM SURRUPIADO



Os índios estavam em pé de guerra.
O Grande Chefe "Sol Escaldante", tinha convocado um Conselho Tribal, por tambores mail, para tentar descobrir quem teria roubado o Tótem mais sagrado da sua tribo dos "Pés de Pivete".
A Bota Sem Sola.
A Bota Sem Sola, representava para todos os índios desta tribo "Pés de Pivete", o que era de mais sagrado, e também, algo de fundamental na sua arte da guerra.


Todos os índios desta tribo, que usavam bronzeador, como característica peculiar, antes de irem caçar caras-pálidas, na época de caça , que ia de Outubro a Abril, tinham de enfiar a Bota Sem Sola na cabeça, para lhes dar boas caçadas.


Aqueles que iam pela primeira vez, enfiavam-na na cabeça, e , tentavam tirá-la apenas com os dentes. Outros , nas danças guerreiras, junto das fogueiras, penduravam um chouriço, e punham-no a assar bem tostadinho, outros ainda nos piqueniques da tribo, escolhiam um índio, que com a Bota Sem Sola, enfiada na cabeça, esperava que todos lhe acertassem o maior número possível de cocos recheados com chantilly na sua tola de índio.
Só que agora, todos aqueles índiozinhos bronzeados da tribo "Pés de Pivete", andavam cabisbaixos, ninguém se atrevia a caminhar, andavam todos de gatas com a tristeza nos pés.
Quando o Conselho Tribal começou, ficou claro, porque era de dia, que tinha sido alguém da própria tribo que tinha surripiado a sagrada Bota Sem Sola.
O padeiro e o leiteiro da tribo, eram os principais suspeitos, visto, nunca serem convidados para a caça aos caras-pálidas, devido a terem de trabalhar de noite.
O Grande Chefe "Sol Escaldante" decidiu chamá-los, para saber onde é que eles estavam na noite do desaparecimento do Tótem.
Ao cabo de algumas perguntas (foram pendurados por um cabo) confessaram que tinham sido eles.
O motivo era simples.
Queriam ter umas botas iguais como aqueles cantores caras-pálidas que eram os ......

O CORVO E MADAME PORTA - A - PORTA



- Madame Porta-a-Porta , traga-me o vaporizador para as cordas vocais!
- Sr. Corvo, as suas asas é quem mais ordenam , é jazz!. Somos uma dupla imbatível. A nossa firma - "Decorações e Poemas ao Domícilio" , anda nas bocas do mundo! , ou melhor , na sua boca, e, na minha inteligência de alcatifa.

- Cada vez que voçê abre essa boca, até me caiem penas das asas. Parece uma consola de botões reumáticos.
- Sr. Corvo, como acha que devo falar?
- É estando sempre com a boca fechada!
- Vou ensaiar os primeiros cantos dos "Viriatos" de Luís El Zarolho!
(Para a recepção dos Duques de Sarrafada)

- Sr. Corvo, posso....
- Ó mulher, viva das suas memórias, lembre-se das decorações que fez nas escadas de incêndio dos bombeiros !
- "As armas e os Barões assinalados para além das praias da .....
- Sr. Corvo....
- Feche-me essa matraca, sempre que chego à praia, lá vem voçê com um discurso....
- Mas.....
- Vou mas é dispensar os seus serviços de Decoradora Pseudo-Inteligente. A partir de agora passa a decorar só as fechaduras das portas.
Uma carruagem com dois "Chauffeurs" habilitados a conduzir mulas aristocratas, chega entretanto.
- Sr. Corvo, as mulas dos Duques de Sarrafada, já relincharam com toda a educação para irmos descendo.
- Estão a relinchar pouco, deve ser bronquite ! . O bem - falante sou eu. Por isso , eu vou dentro da carruagem, e, você, no tejadilho , sempre areja as ideias, para assim passar a decorar parques de campismo.

- Antes de irmos, para me sentir inspirado, preciso de ouvir aquela música dos.....

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O HOMEM COM CARA DE CINZEIRO


Sentia que a sociedade precisava dele!
Num dia chegava a acumular mais beatas nas suas roupas , que moedas numa slot-machine de um casino de Las Vegas!
Chamavam-lhe não o Homem da Pistola Dourada , como, nos filmes do 007, mas, o Homem com Cara de Cinzeiro.
A sua cara provocava uma reacção instintiva nas pessoas, principalmente do sexo feminino, que subconscientemente, tudo o que fosse cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e boquilhas, eram depositados e abandonados à sua sorte nas vestimentas já todas queimadas do sortudo, que passava a sua existência, aos saltos , aos pulos e a atirar-se para o chão, para aliviar tanto o peso das beatas , como , as suas queimaduras. Andando sempre com um baú cheio de cobertores, para neles dar umas cambalhotas, quando o seu corpo mais parecia um forno industrial, o Homem com Cara de Cinzeiro, era muito solicitado, para estar às saídas dos Museus, pois nesses, os cinzeiros eram objectos que não existiam em armazém museológico.
Os visitantes dos ditos museus, até faziam fila à procura do felizardo, havendo por vezes sérios confrontos entre eles, pois todos queriam e ao mesmo tempo, deixar as suas beatas no Homem, que chegava a ter de colocar um letreiro luminoso na testa com a inscrição "Depósito Cheio". Nos Santos Populares, era mais do que solicitado, pois vestia um sobretudo com 42 bolsos, chamado o sobretudo de Santo António, provido de um gira-discos à manivela, reservado ao excelentíssimo público assistente das Marchas. Nesse gira-discos ouvia-se de meia em meia hora a canção.......

O CATAVENTO DO TOUCINHO


Aquilo é que era um mistério.
Na torre mais sebenta de Paris, existia um catavento que nunca acertava de que lado é que estava o vento. Rodeado de um exército de traças que cheiravam a rançoso , era conhecido pelo Catavento do Touçinho, devido ao seu cheiro nauseabundo, pensando muita gente que os esgotos vinham de pontos altos, em vez de serem subterrâneos.
Com as suas traçinhas sempre à volta das suas setas que mais pareciam um amontoado de ferro da idade do homem das cavernas, ao Catavento do Touçinho, esperava-lhe uma enorme surpresa.
Pepe Le Duc, o gato mais conhecido de Paris, por todas as gatas que gostavam de ouvir as músicas de partir os corações de nomes como Aznavour, Bécaud, Piaf, Chévalier e outros , tinha convidado a gata La Belle Du Seine, a uma serenata ao luar , precisamente no espaço onde estava o Catavento do Touçinho.
As suas traças rançosas com bocas cheias de buracos, logo trataram de idealizar um plano de infernizar o concerto planeado por Pepe Le Duc.
À volta dele se juntariam e a pouco e pouco , tratariam de traçar o pêlo todo de modo a que quando começasse a ficar nu, chamassem a polícia de costumes e fizessem queixa por atendado à moral . Catavento do Touçinho, exultava de rançosice, mas não sabia com quem estava a lidar. Pepe Le Duc, era Pepe Le Duc.
Antecipando-se à jogada , o gato, tratou de fazer com que o Catavento do Touçinho, passasse a ser uma lata , pedindo a um ferro-velho que o viesse buscar, pois ninguém aguentava o seu cheiro a pocilga.

Pepe Le Duc , estava finalmente com a sua gata La Belle du Seine, e a sua primeira ária foi "La Folie" .

A RUA DO PRÉDIO SOLITÁRIO



BemPior, Vai-Ao-Altar, e, Gasparta, vinham cada um com o seu camião Tir, com oferendas de mundos tão distantes como a Moita e o Montijo.
A intenção era entregá-los à única inquilina do único prédio, da maior rua do mundo. 15 kms de extensão por meio metro de largura, com farpas afiadas de um lado e outro.
Guiados pela estrela dos camionistas de écran panorâmico, os três camionistas, da estação do Oriente, em Chelas, rezavam que as suas dádivas fossem do agrado daquela única inquilina da rua do prédio solitário.
BemPior, tinha no seu camião, soja, cinzeiros e cola. Vai-Ao-Altar, centenas de colecções de cromos de todas as raças de cães rafeiros, e, Gasparta, relatórios de Clínicas Veterinárias de todo o Mundo.
Primeiro problema: com meio metro de largura, tinham de passar ás cavalitas uns dos outros. Segundo problema: a dona da casa tinha um canhão como despertador, que todas as manhãs punha várias pessoas, a fazerem de bombas voadoras à volta do prédio. Terceiro problema: a ferocidade da mulher do canhão seria terrível, se nas colecções , não viesse o cromo carimbado com relatório clínico do veterinário, sobre a raça de cão rafeiro com melhor desempenho intestinal.
- De que raça de rafeiros são voçês?
- Rafeiros? Nós somos camionistas do Oriente, Chelas, para sermos mais exactos.
- Chelas? Vou ver se tenho esse cão nos cromos não carimbados.
Quando o relógio bateu as 7h45, um som vindo do centro da terra, que faria com que o terramoto de 1755 parecesse uma rajada de vento, levou os camionistas, os camiões e a camioneta do lixo que levava os restos de sardinhas que a inquilina comia todas as manhãs, a darem várias voltas ao mundo em regime non-stop, antes de a dona de casa com os seus gritos estridentes ter exclamado:

- Seus cães sem pedigree, era melhor que tivessem trazido os Golden Earring.