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sábado, 2 de fevereiro de 2008

A RUA DO PRÉDIO SOLITÁRIO



BemPior, Vai-Ao-Altar, e, Gasparta, vinham cada um com o seu camião Tir, com oferendas de mundos tão distantes como a Moita e o Montijo.
A intenção era entregá-los à única inquilina do único prédio, da maior rua do mundo. 15 kms de extensão por meio metro de largura, com farpas afiadas de um lado e outro.
Guiados pela estrela dos camionistas de écran panorâmico, os três camionistas, da estação do Oriente, em Chelas, rezavam que as suas dádivas fossem do agrado daquela única inquilina da rua do prédio solitário.
BemPior, tinha no seu camião, soja, cinzeiros e cola. Vai-Ao-Altar, centenas de colecções de cromos de todas as raças de cães rafeiros, e, Gasparta, relatórios de Clínicas Veterinárias de todo o Mundo.
Primeiro problema: com meio metro de largura, tinham de passar ás cavalitas uns dos outros. Segundo problema: a dona da casa tinha um canhão como despertador, que todas as manhãs punha várias pessoas, a fazerem de bombas voadoras à volta do prédio. Terceiro problema: a ferocidade da mulher do canhão seria terrível, se nas colecções , não viesse o cromo carimbado com relatório clínico do veterinário, sobre a raça de cão rafeiro com melhor desempenho intestinal.
- De que raça de rafeiros são voçês?
- Rafeiros? Nós somos camionistas do Oriente, Chelas, para sermos mais exactos.
- Chelas? Vou ver se tenho esse cão nos cromos não carimbados.
Quando o relógio bateu as 7h45, um som vindo do centro da terra, que faria com que o terramoto de 1755 parecesse uma rajada de vento, levou os camionistas, os camiões e a camioneta do lixo que levava os restos de sardinhas que a inquilina comia todas as manhãs, a darem várias voltas ao mundo em regime non-stop, antes de a dona de casa com os seus gritos estridentes ter exclamado:

- Seus cães sem pedigree, era melhor que tivessem trazido os Golden Earring.

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