- O MELHOR ROCK DE SEMPRE - NA RÁDIO CAPITAL AOS DOMINGOS - DAS 20H00 ÀS 22H00 -


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

OS MOSCARDOS E O COZIDO

A concentração daquele homem atingia os limites do impensável.
Já tinha estado no centro de um dos maiores furacões da história, e , nem assim, a sua atenção se desviou um milímetro que fosse do cozido à portuguesa , que comia 3 vezes por dia .
Chegou a ir ao Tibete, para um curso acelerado de meditação e levitação para monges tibetanos apreciadores de cozido à portuguesa, e, deslumbrou tudo e todos , ao fazer levitação , com chouriços e bocados de touçinho pendurados na boca , e, folhas de couve lombarda agarradas às orelhas. "Um FENÓMENO DO COZIDO" , foi o que escreveram no seu diploma de levitador, comprado numa loja de souvenirs .
Mas, por vezes, nem tudo corre bem , mesmo para um fundamentacozidista , como era aquele homem.
Por inveja, ou , por outra razão, o certo é que a "Associação dos Moscardos pelo Direito a Pousar em Cozidos à Portuguesa " , entendeu , que em democracia, todos tinham direito a comer cozido, sob meditação , de faca e garfo , ou com patas de moscardo.
Para isso decidiu convocar uma manifestação de moscardos , com a palavra de ordem, "Moscardos Unidos Pelos Cozidos". A adesão foi esmagadora, tendo até direito a transmissão em directo pela Rádio Moscartal.
O tal homem , que se rodeava de fortes medidas de segurança, nas 3 vezes que comia cozido por dia, tinha um único ponto fraco. De 15 em 15 minutos levantava-se do seu lugar para tirar fotografias ao prato de cozido, dos mais diversos ângulos.
Era a altura chave para os moscardos espetarem nos chouriços e nas morcelas as suas reinvidicações , entre as quais : o direito a pousar nos cozidos mesmo de madrugada; o pagamento de horas extraodinárias , sempre que o horário de poiso ultrapassasse as 8 horas de poiso ; e o direito à greve se o cozido não estivesse bem feito.
Quando o homem do cozido, regressou ao seu lugar, depois de mais uma sessão fotográfica com enchidos, batatas , carnes e legumes para a revista "Coma Cozido", a sua refeição estava repleta de cartazes, com as mais variadas exigências.
A sua reacção foi a de um homem das cavernas. Levantando uma farinheira e uma morcela como de armas se tratassem, ligou o seu sistema de som feito com restos de cozidos , e , no ar começou-se a ouvir ......

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma maravilha este texto do Pedro Soares . Excepcional a sátira aqui feita . Parabéns ao Hotel Califórnia .