A cenoura que o cliente tinha no prato, estava a dar-lhe muito que pensar. Aquele restaurante, com exaustores de fumo , que levavam os clientes a sentirem-se como se estivessem num cabeleileiro, e onde era normal que à saída trocassem expressões uns com os outros do género, "a tua permanente está magnífica" "olha que a tua faz-me lembrar a Torre de Belém" e outras similares , tinha como especialidade da casa "Cenoura de Escabeche".
A "Cenoura de Escabeche" era uma receita muito bem guardada, ninguém sabia de onde vinham, embora circulassem rumores, que eram fornecidas por uma estufa situada talvez na Quinta das Picoas, mas não era um dado certo. Só que o cliente que tinha a cenoura no prato não sabia , como começar. De cada vez que pegava no garfo , a cenoura movia-se na direcção contrária, sem ninguém lhe mexer. Quando pegava na faca , a cenoura rodopiava à velocidade do som, provocando um barulho ensurdecedor no restaurante, com já várias próteses auditivas coladas ao tecto, e os empregados aos gritos com os clientes que tinham voltado a ser surdos, e que agora sem a prótese não ouviam nada.
O cliente estava cada vez mais embaraçado. Estava cheio de fome e já estava há mais de duas horas com o prato à frente sem conseguir comer nada. Ia bebendo água , mas até com o copo de água, a cenoura punha-se em vertical no prato, parecendo um pêndulo da direita para a esquerda, levando a que o cliente já não soubesse qual era o olho direito e o olho esquerdo, devido à rapidez estonteante com que a cenoura se pendulava.
Por volta das cinco da tarde já em estado de fraqueza e todo de ladecos na mesa , decide chamar o empregado.
"Desisto. Não aguento mais."
"Voçê deve estar a fazer confusão , este ano não houve o Lisboa-Dakar."
"Dá cá. Mas nem toquei na cenoura de escabeche, ela está embruxada, não pago nada, porque não comi nada."
"Ó amigo já percebi. É que estas cenouras de escabeche, só sossegam, se o amigo lhes cantar uma música."
"Cantar. Então voçê é surdo. Eu sou quase mudo, como é que posso cantar?"
"No problem. Conheço uns amèricas que se chamam Bachman TURNER OVERDRIVE E VÂO TOCAR "You've seen nothing yet"
A "Cenoura de Escabeche" era uma receita muito bem guardada, ninguém sabia de onde vinham, embora circulassem rumores, que eram fornecidas por uma estufa situada talvez na Quinta das Picoas, mas não era um dado certo. Só que o cliente que tinha a cenoura no prato não sabia , como começar. De cada vez que pegava no garfo , a cenoura movia-se na direcção contrária, sem ninguém lhe mexer. Quando pegava na faca , a cenoura rodopiava à velocidade do som, provocando um barulho ensurdecedor no restaurante, com já várias próteses auditivas coladas ao tecto, e os empregados aos gritos com os clientes que tinham voltado a ser surdos, e que agora sem a prótese não ouviam nada.
O cliente estava cada vez mais embaraçado. Estava cheio de fome e já estava há mais de duas horas com o prato à frente sem conseguir comer nada. Ia bebendo água , mas até com o copo de água, a cenoura punha-se em vertical no prato, parecendo um pêndulo da direita para a esquerda, levando a que o cliente já não soubesse qual era o olho direito e o olho esquerdo, devido à rapidez estonteante com que a cenoura se pendulava.
Por volta das cinco da tarde já em estado de fraqueza e todo de ladecos na mesa , decide chamar o empregado.
"Desisto. Não aguento mais."
"Voçê deve estar a fazer confusão , este ano não houve o Lisboa-Dakar."
"Dá cá. Mas nem toquei na cenoura de escabeche, ela está embruxada, não pago nada, porque não comi nada."
"Ó amigo já percebi. É que estas cenouras de escabeche, só sossegam, se o amigo lhes cantar uma música."
"Cantar. Então voçê é surdo. Eu sou quase mudo, como é que posso cantar?"
"No problem. Conheço uns amèricas que se chamam Bachman TURNER OVERDRIVE E VÂO TOCAR "You've seen nothing yet"
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