A MANGUEIRA INDISCRETA

Era a bomba de gasolina mais"jet-óleo" da terra. Aldeola pequena , com mais mangueiras que habitantes , estas eram mesmo punks. Filamentos de borracha eriçados como como o pessoal dos Sex Pistols e piercings a todo o comprimento.

Havia uma então , que não podia ouvir daquelas músicas tocadas por guitarras de arame farpado , pois borrifava de gasolina perfumada , todos aqueles que iam no gasóleo dessa música.

Ainda por cima , tinha o mau hábito de ouvir as conversas de quem ia abastecer. Colocando-se em sentido , e, fazendo continência, se aprovava deitava a língua de fora, se não gostava , atirava-se para o chão , fazendo zig-zags , como se fosse uma jibóia.

Quando se tratava então de motoristas de longo curso , era a boa e a mangueira.

Habituados a mangueiras submissas, com aquela , tudo mudava de figura .

A mangueira indiscreta , pondo-se à escuta , descobria logo se havia por ali copázios a mais.

Quando isso acontecia, punha-se a cantar fados - punk dos anos 90 , que eram detestados , tanto pelos camionistas , como pelas outras colegas mangueiras , o que causava nas
mais sensíveis , crises de choro de gasóleo , e, nas , mais fortes ,de gasolina super .

Certo dia, seguindo a sua estratégia , de mangueira bisbilhoteira , apanhou por acaso um diálogo, em que , duas das suas colegas mangueiras , se queixavam de reumatismo.

Reumático ?

Quem seriam ?

Só podiam ser , aquelas duas que ficavam nas correntes de ar da bomba da gasolina, e , que adoravam música-disco. Muito mangueiramente , e , vestida com um fato de treino, para disfarçar , pôs-se junto à caixa registadora. E , eram mesmo aquelas duas . Começou a esguichar pelos lados , o "Night Fever" e logo as reumáticas vieram a correr .

De repente , desenhou a gasóleo a palavra , "fingidas" e começou a dançar aquele rock da pesada ,chamado .....